Resumo

Os micro-organismos endofíticos habitam tecidos vegetais estabelecendo uma relação harmônica com os hospedeiros e sem causar danos aparentes. A partir desta relação, fungos e bactérias podem desempenhar funções relevantes para saúde vegetal, protegendo as plantas contra patógenos, aumentando o crescimento, enraizamento, resistência, além de produzir compostos químicos como enzimas e hormônios. Esses micro-organismos podem apresentar propriedades promotoras de crescimento para o vegetal, tais como a produção de fitohormônios, destacando-se o ácido indol acético (AIA). O Bambu constitui uma cultura com valor econômico às indústrias de papel, móveis, farmacêutica, e de construção civil. Esta cultura vem sendo estudada quanto à sua micropropagação in vitro a fim de se obter mudas vigorosas das diferentes variedades de Bambu e suprir as demandas que a cultura possui. A contaminação in vitro por micro-organismos endofíticos foi considerada por muito tempo um empecilho ao processo de micropropagação, entretanto este paradigma tem sido quebrado à medida que se evidenciam propriedades promotoras do crescimento vegetal inerentes aos organismos ditos contaminantes. O presente estudo teve como objetivo evidenciar a característica promotora de crescimento vegetal através da produção do fitohormônio AIA por bactérias endofíticas contaminantes do Bambu. Os explantes de Bambu foram lavados com detergente comercial e água corrente, submetidos a termoterapia, desinfestados em NaClO a 3% por 20 min sob leve agitação, enxaguados em água destilada estéril e inoculados em potes contendo o meio para plantas Murashigue & Skoog (MS). As bactérias endofíticas contaminantes foram isoladas no meio Agar nutriente e, posteriormente, foram submetidas ao teste colorimétrico para verificação qualitativa da produção de AIA. A partir de colônias bacterianas isoladas, foram montados pré-inóculos em tubos contendo meio líquido Trypcase Soy Broth (TSB, incubados sob agitação de 150rpm a 32°C por 24h. Os pré-inóculos foram transferidos para novos tubos contendo o meio TSB suplementado com 5mM de L-triptofano, e incubados sob agitação de 150rpm, a 32°C, ao abrigo de luz por 48h. Foram centrifugados 1,5mL de cada cultura bacteriana e, em seguida, 1mL do sobrenadante de cada cultura foi acrescido de 1mL do reagente de Salkowski (2% de FeCl3 0,5M em 35% de ácido perclórico) e incubados por 30min a 32°C, ao abrigo de luz. Os experimentos foram realizados em quintuplicatas e o resultado positivo foi caracterizado pela modificação da coloração das amostras originalmente amareladas (coloração do meio de cultura) tornando-se róseas. Foi observado que as 14 bactérias endofíticas do Bambu testadas apresentaram mudança de coloração para tons róseos, e, portanto todas foram consideradas como produtoras de ácido indol acético. Todas as bactérias endofíticas do Bambu testadas apresentaram capacidade de produzir o ácido indol acético, indicando potencial promotor de crescimento vegetal.